“O que é Nacional é bom” é uma piada demasiado exaurida, que pretende juntar publicidade a massas, sentimento patriótico e futebol num só ente espirituoso, mas que continua a ouvir-se sempre que o Nacional ganha aos nossos rivais. Escrevi-o no mural do Facebook, displicente e apenas fiando-me no meu bom gosto. E também fi-lo em defesa do slogan centenário (ou quase) da renomeada marca de massas e farinha. Mas as coisas não correram bem, porque se há uma réstia de hipótese das coisas correrem mal, então as coisas correrão mesmo mal. Este é um dos corolários das Leiz de Murphy.
Estas Leiz foram criadas por volta de 1988 numa escarpa da ilha da Madeira, ainda o buraquinho do défice regional era uma coisinha pequenina do tamanho das orelhas do Dino, o furacão desengonçado.
Dino, na sua falsa lentidão, facturava golos num registo deveras digno para qualquer PME (Pequeno e Médio Estorvo), enquanto as Leiz tornavam-se mundialmente famosas. Mas o Murphy não. Quem era o Murphy? Quero lá saber. Veio de Liverpool e acabou na Madeira, como podia ter acabado nas Canárias, calhasse ter perdido a saída do paquete por lá.
Mas isso não vem ao caso. Estava a comentar o impacto da minha observação no Facebook.
A verdade é que fui copiosamente vergastado por um demolidor silêncio. Ninguém reconheceu a pertinência da minha observação. Os trocadilhos também têm direitos, mas quem os respeita? Será que a troika exigiu que a idade de reforma deste jargão também fosse aumentada, sei lá, para os 115 anos? Quem separa o trigo do joio no que concerne à boa arte de brincar com as palavras e os contextos, ou não estivéssemos a falar de um slogan com conotações cerealíferas? O Higino?
O Higino não está para se chatear. E eu também não vou chateá-lo. Vou deixá-lo subir essa Ladeira em paz, que já lhe basta carregar a cruz de ter um nome que rima com “girino”.
Mais íngreme que o Ladeira é o caminho que nos leva a ultrapassar velhos chavões jornalísticos. Em nome de manchetes de vácuo chapa-cinco e de uma suposta tradição sacrifica-se a originalidade. O gosto pelo Risco já não existe. Aliás, o gosto por jogos de tabuleiro em geral sublimou-se às mãos dos Triviais jogos de vídeo. E, quando se tenta combater o Monopólio da frase feita, haverá sempre alguém que irá resistir. É uma coisa mais certa que os balázios do Heitor aleijarem seriamente alguém.
O Heitor era o pé-canhão do povo, o Dinda perfeito, o Paulo Torres v3.0, o Barroso sem perturbações intestinais. Ele sim, abalava consciências, da mesma forma que abalava postes e redes. Um pontapé-canhão a sério era dizer que não se gosta no Facebook. Só para variar. Sempre seria melhor que a indiferença. Um tipo metia a foto do sobrinho e um gajo fazia um dislike à foto e comentava “esse puto é feio como tudo, sai ao tio… e ainda por cima com ranho a sair do nariz, grande porco”. Se uma publicação recebesse mais de 5000 dislikes iria a debate numa Comissão Parlamentar especialmente criada para o efeito. E quem seria o promotor dessa Comissão? Nada mais nada menos que o erudito William.
O William, esse central especialista da paradinha na marcação do penalty e do paradinho enquanto filosofia de jogo. Tem um curso superior, por isso deve estar no desemprego e, portanto, seria uma escolha lógica para representar a turba de dislikes do povo no Facebook, que é uma malta já de si um pouco a atirar para o desocupada. E em vez de fazer uma lista de amigos no Facebook, fazer só uma lista de gajos a evitar. Do género, “eh pá, se este gajo te pedir amizade esquece, porque ele só quer é pontos para jogar online”. Um dia, vou escrever ao Mark Zuckerberg e dizer-lhe qualquer coisa assim; “Hi, Mark. I think Facebook needs some improvements. And I have some ideas on that. As a matter of fact, I have Manny ideas.”
Não, não vou escrever-lhe. A culpa não é dele. Nem do Mark, nem do Manny. Embora aquele polícia lá atrás desconfie de alguma coisa.
Vou apenas aguardar. Estou consciente que a maior parte das pessoas não está empenhada nesta luta, agora que há coisas tão importantes no quotidiano do país por resolver, como saber novidades sobre a Casa dos Segredos, conhecer o namorado desta semana da Elsa Raposo ou até mesmo descobrir um comentário não acéfalo do Rui Gomes da Silva.
Vencerei com o tempo. Já estou a ver os contornos do meu triunfo: um dia, alguém há-de regurgitar a sua bifana regada com cerveja em cima do jornal, quando na apreciação da equipa do Nacional que venceu por 3-0 se ler “Este Nacional é mesmo bom”, tamanho será o bafio exalado por aquele título. Eu pelo menos irei acreditar que não será pelo facto de ter sido a vossa equipa a perder.
Nos próximos posts: como surgiu a macabra expressão “matar o borrego”, o porquê de tantas claques, após um “oooooh” de antecipação, insultarem a mãe do guarda-redes adversário aquando de um pontapé em profundidade deste e uma selecção dos melhores pontapés de baliza da época 1992-93, prestando assim homenagem ao lance de jogo mais incompreendido de todos (sim, o Luís Vasco e o Hubart estarão presentes).
2 comentários:
Grandes cromos da bola!
Cada vez gosto mais de vocês!
Aproveito também, se nao se importarem, para promover um vídeo de um grande cromo da bola, nomeadamente a minha pessoa
http://www.youtube.com/watch?v=5UQUrhC-z7I
Grande abraço e um Pepa para todos
Miguel A.
Viva o Nacional da Madeira,o meu clube do coração!!!!!!!!!!
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